Resenha: Jane Eyre, Charlotte Brontë

Vou ser sincera: comecei a ler Jane Eyre sem grandes expectativas. Por ser um romance de 1847, imaginei que encontraria uma narrativa mais lenta e difícil de acompanhar. Mas me surpreendi! Agora entendo porque dizem que Charlotte Brontë foi uma escritora à frente do seu tempo.

Ela criou uma história que nos envolve desde as primeiras páginas. A narrativa em primeira pessoa nos permite entrar na mente e no coração de Jane, compartilhando suas emoções, pensamentos e dilemas de uma forma bem íntima. E foi exatamente isso que me conquistou!

Neste artigo, vou te contar por que Jane Eyre é muito mais do que um clássico vitoriano. É uma história sobre resistência, amor e a busca por liberdade, temas que continuam relevantes hoje.

Vamos lá?

A história de Jane Eyre

Jane Eyre, escrito por Charlotte Brontë, é um romance que acompanha a vida de uma órfã determinada e inteligente, desde sua infância difícil até sua jornada de autodescoberta e amor.

A história começa com Jane vivendo com sua tia, a Sra. Reed, na propriedade de Gateshead Hall. Lá, ela sofre abusos emocionais e físicos, sendo tratada como uma intrusa pela família. Sua única companhia são os livros, que a ajudam a suportar o isolamento e a injustiça.

Aos 10 anos, Jane é enviada para Lowood, uma escola rígida e religiosa, onde enfrenta privações como fome, frio e doenças. Apesar das dificuldades, ela encontra ali uma amiga, Helen Burns, e uma mentora, a Srta. Temple, que a ajudam a moldar seu caráter forte e resiliente.

Após oito anos em Lowood, seis como aluna e dois como professora, Jane decide buscar novas experiências e se torna preceptora em Thornfield Hall, uma mansão misteriosa.

Em Thornfield, Jane é responsável pela educação de Adèle, uma garotinha francesa, e conhece o excêntrico e sombrio Sr. Rochester, dono da propriedade. A relação entre os dois é complexa e cheia de tensão, com Rochester sendo um homem de segredos e Jane, uma mulher firme em seus princípios.

Aos poucos, um romance improvável se desenvolve, mas segredos do passado de Rochester ameaçam destruir a felicidade que Jane finalmente encontrou. Misturando romance, drama e elementos góticos, Jane Eyre é uma história de amor, superação e autodescoberta, protagonizada por uma mulher à frente de seu tempo.

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Por que Jane Eyre é tão importante na história da literatura?

Poster Jane Eyre

Jane Eyre é importante por abordar questões sociais, morais e psicológicas que eram relevantes no século XIX, e que continuam a ressoar com os leitores até hoje. Vou te mostrar alguns dos pontos que mais chamaram a minha atenção nessa história:

Críticas sociais

Um dos aspectos que mais me chamou a atenção nessa história é que Jane desafia as normas e expectativas impostas às mulheres de sua época.

Ela não se encaixa no estereótipo da “donzela em apuros” comum nos romances da era vitoriana. Ela é pobre, sem beleza convencional ou conexões sociais, mas é inteligente, corajosa e determinada.

Apesar das suas faltas, nossa protagonista ainda desafia as expectativas de sua sociedade ao procurar independência e autossuficiência – um absurdo para a época.

Sua decisão de não se deixar prender a um casamento sem amor, como foi sugerido pelo reverendo St. John, é um exemplo claro de sua luta pela autonomia, uma atitude radical para uma mulher daquela sociedade.

Na verdade, ela é uma das primeiras personagens literárias a expressar claramente o desejo de independência e autossuficiência. A protagonista valoriza seu trabalho e sua capacidade de se sustentar, recusando propostas que a colocariam em uma posição de submissão.

Religião

A religião é outro pilar importante desse romance. A amiga de Jane em Lowood, Helen Burns, personifica uma fé pacífica e resignada, que aceita o sofrimento como parte do plano divino.

o reverendo St. John, que tenta manipular Jane emocionalmente, forçando-a a se casar com ele sob a premissa de uma missão religiosa, revela a forma como a fé pode ser distorcida para controlar e submeter os outros.

Jane, por outro lado, representa uma crítica à ideia de que a religião deve ser usada como ferramenta de opressão. Ao se recusar a se casar sem amor e seguir seus próprios princípios, ela desafia a visão limitada da fé que impõe uma moralidade rígida e muitas vezes cruel.

Conflitos internos

O romance entre Jane e Rochester é outro pilar importante dessa história, mas não é nada convencional.

Rochester é um homem sombrio e cheio de segredos, enquanto Jane, com sua moralidade firme, desafia suas intenções e exige igualdade na relação.

O amor entre eles é intenso e apaixonado, mas também é marcado por escolhas difíceis e sacrifícios.

Jane se recusa a se casar com Rochester por ele estar preso a um segredo imoral, mostrando que o amor verdadeiro deve ser baseado no respeito e na honestidade. Por isso, sua relação com o proprietário de Thornfield Hall é cheia de altos e baixos.

Um dos momentos mais marcantes do livro ocorre quando a jovem reencontra Rochester após o terrível incêndio em sua casa. A cena se torna um símbolo de redenção, não apenas no sentido de seus sentimentos amorosos, mas também como uma reflexão sobre o castigo e a misericórdia.

 Jornada de autoconhecimento 

A trajetória de Jane é principalmente uma jornada de autoconhecimento e busca por liberdade.

Desde sua infância abusiva em Gateshead até sua vida adulta em Thornfield, Jane luta para manter sua integridade e independência. Sua recusa em se conformar às expectativas sociais, seja como órfã, professora ou noiva, a torna um símbolo de resistência e autonomia.

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Por que ler Jane Eyre hoje?

Porque Jane Eyre é simplesmente um dos melhores clássicos da literatura escritos por mulheres! Essa obra é atemporal pela maneira como se conecta com o leitor.

Jane é uma mulher comum, com ideias próprias e um forte senso de identidade, mas sem o glamour ou as conquistas grandiosas de outras figuras literárias.

Sua força não vem de suas qualidades excepcionais, mas da maneira como ela enfrenta as adversidades e tenta sobreviver da melhor forma possível, sempre buscando sua liberdade e independência, sem se deixar levar por normas rígidas ou expectativas sociais.

Ela é uma “gente como a gente”, com quem é fácil se identificar. Jane é autêntica e sua história, embora repleta de dilemas morais e éticos, nos permite refletir sobre nossas próprias vidas e escolhas.

É um livro que nos faz sentir, pensar e, principalmente, querer ser um pouco mais como Jane – livre e fiel a si mesma.

Por isso, recomendo demais essa leitura!

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Curiosa, apaixonada por livros e completamente consciente de que ainda tem muito a aprender. Aqui, compartilho um pouco desse universo!
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