Resenha: O Nariz, Nikolai Gógol

Publicado inicialmente em 1836, “O Nariz” continua sendo um conto leve e divertido. Mesmo depois de tanto tempo, sua história continua mexendo com a imaginação do leitor. 

E isso acontece graças à genialidade e bom humor do escritor russo Nicolai Gógol. Misturando comédia, sátira e boas críticas, o autor utiliza o absurdo como base para mostrar o que pensa.

Para isso, o absurdo, o inverossímil, é totalmente naturalizado. Ninguém sabe como a situação bizarra surgiu, nem como terminou. Fica tudo à cargo do leitor, o que pode te deixar desnorteado (mas de um jeito divertido).

Mas do que se trata essa história, afinal?

O absurdo em “O Nariz”

Foto: Reprodução/Antofágica

A vida do barbeiro Ivan Iákovlevitch virou de cabeça para baixo na manhã do dia 25 de março. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu. 

O fato é que Ivan descobriu que seu nariz ganhou vida e independência durante o café da manhã. Tudo começou quando ele cortou um pão e percebeu que seu nariz estava dentro da massa!

E esse foi apenas o início da saga de Ivan Iákovlevitch em busca do próprio nariz. Sim, porque se você acha que seu nariz se contentou em permanecer no pão, está muito enganado.

Cheio de personalidade, o nariz foi passear. Bom, pelo menos é o que parece.

Até na Igreja ele foi visto e num traje bem elegante, o que foi surpreendente. Desesperado para reaver seu nariz, é claro que o barbeiro tentou de todas as formas encontrá-lo e recuperá-lo.

Mas não foi nada fácil, já que seus planos foram sabotados pela burocracia russa.

Primeiro, ele tentou publicar um anúncio de busca no jornal, mas não conseguiu. Depois, ele foi até ao comandante da polícia, mas também não conseguiu contar sua história.

E agora? O que será que ele fez?

Não vou contar o final desse conto, mas acredite em mim quando digo que seu término é tão inesperado quanto seu início.

Será que esse livro serviu de inspiração para outros autores?

Eu não sei e não encontrei informações que confirmem minha teoria, mas o absurdo desse livro me lembra um pouco do universo criado por Franz Kafka no clássico “A metamorfose”. 

Afinal, no romance de Kafka, o que provoca o absurdo não é explicado em nenhum momento. Por outro lado, apesar de elementos fantásticos, o livro de Gógol é muito mais divertido e bem humorado. 

Alguns trechos também me lembraram o enredo de “O Duplo”, outro livro de autoria do escritor russo Fiódor Dostoiévski

O fato do nariz ter uma vida mais agitada e mais interessante que o próprio Ivan me fez lembrar que estamos diante de uma espécie de duplo aqui, mas de modo mais sutil e leve. 

Será que Dostoiévski também se inspirou no autor? Fica aí o questionamento!

Leia esse livro!

É claro que recomendo essa leitura deliciosa e curta. Li a edição linda publicada pela Antofágica que tem apenas 156 páginas. 

Apesar desse número, as dimensões do livro são pequenas, o que significa que ele é um daqueles livros perfeitos para acabar em um dia ou num fim de semana. 

E tudo isso com um conto leve e original sobre um nariz. Quem poderia imaginar que uma história dessa daria certo?

Por isso, se você quer uma leitura leve, divertida e bem inusitada para ler em um dia ou num fim de semana, recomendo demais essa leitura!

Curiosa, apaixonada por livros e completamente consciente de que ainda tem muito a aprender. Aqui, compartilho um pouco desse universo!
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