Resenha: A revolução dos bichos, George Orwell

“TODOS OS BICHOS SÃO IGUAIS, MAS ALGUNS BICHOS SÃO MAIS IGUAIS QUE OUTROS”, trecho do livro “A Revolução dos bichos”, de George Orwell.

Nunca vou me cansar de admirar a genialidade de George Orwell ao utilizar uma fábula simples para criticar um regime político. Aliás, não apenas um regime, mas todo um sistema, já que a carapuça dessa história pode ser empregada até hoje.

“A Revolução dos Bichos” foi publicado em 1945 após Orwell e sua esposa vivenciarem experiências terríveis durante a Revolução Espanhola, quando comunistas dominaram o governo e começarem a perseguir os trotskistas.

Infelizmente, naquela época essa tática não era incomum, já que a mesma estratégia de perseguição também era realizada na URSS de Stálin.

Diante da ignorância do povo inglês sobre o que realmente acontecia no regime soviético, bem como da ilusão que estava sendo propagada na Europa, Orwell decidiu denunciar o mito soviético através de uma história de fácil compreensão – uma fábula. E foi assim que surgiu o livro.

Conheça um pouco da história de “A Revolução dos Bichos”

Através dessa fábula, você vai entender o que aconteceu na Fazenda do Solar. Revoltados com a forma como eram tratados, os animais fizeram uma revolução e expulsaram os humanos da fazenda.

A princípio, a intenção era que os animais assumissem a propriedade e vivessem num sistema igualitário e benéfico para todos. Mas esse sonho não se realizou.

Quem poderia imaginar que o sonho de uma vida melhor e mais justa para os animais, que foi idealizado pelo Velho Major, seriam utilizadas para embasar um regime autoritário, praticamente escravo, liderado pelos porcos da fazenda?

À princípio, os animais até seguiram os sete mandamentos do animalismo, mas a fome de poder e o desejo por ter vantagens acima dos outros animais, fizeram com que os porcos deturpassem as leis que eles mesmo estabeleceram no início.

No fim, eles agiam exatamente, quer dizer, muito pior, do que os homens que eles tanto criticavam. São todos iguais. A liderança autoritária dos porcos tornou a vida dos animais muito mais difícil do que era antes.

Faltava comida, saúde e liberdade, mas sobrava medo, perseguição e muita manipulação. E tudo isso é contado através de uma espiral de reviravoltas que me deixaram absolutamente fascinada – e assustada ao mesmo tempo.

Detalhes importantes

É interessante notar que, após fazer essa leitura, fica bem óbvio que o Velho Major representa Karl Marx, já que ele levanta questões relacionadas ao conceito de luta de classes.

Já o episódio de confraternização entre porcos e homens, de acordo com o prefácio escrito pelo próprio Orwell, faz alusão à Conferência de Teerã, que parecia ter estabelecido as melhores relações entre a URSS e o ocidente – e Orwell nunca acreditou nisso.

Vale lembrar que Orwell utilizou essa obra para denunciar o mito soviético, especialmente durante o stalinismo, e as mentiras da propaganda totalitária. E o autor tinha propriedade para falar do assunto. Afinal, ele sempre foi pró-socialismo.

Leia esse livro!

O que mais me chamou a atenção nessa fábula é que, apesar de ter sido escrita como uma crítica ao que acontecia naquela época, muitas das críticas levantadas na história são pertinentes até hoje.

Afinal, todo líder autoritário, todo sistema de manipulação do povo e manutenção do poder seguem as mesmas regras básicas. E é aí que você entende a genialidade de Orwell. No fim das contas, sua obra é mesmo atemporal.

Por tudo isso, falo com tranquilidade que TODOS deveriam ler esse livro. Lembrando que esse livro é curtinho e, se você tiver tempo, pode ler em apenas um dia. Por isso, eu inclui essa obra na lista de livros para ler rapidinho.