Ok. Eu sei que o título ficou meio exagerado, mas eu amo esse tipo de artigo e fiquei muito empolgada compartilhar essa lista de livros russos por aqui.
A lista não foi elaborada por mim. Embora eu ame literatura russa (pelo menos gostei de tudo que li até agora), ainda não tenho um vasto conhecimento sobre isso para criar uma lista assim.
Mesmo assim, resolvi reunir as indicações do Off the Sell e do portal russo HSE Illuminated e compartilhar por aqui.
Fiz isso porque os livros russos que eu já li simplesmente me transformaram. Eu não sei o que tem na água desses autores russos para eles escreverem histórias tão ricas, envolventes e profundas.
Seja qual for o motivo, a única coisa que eu sei é que você também precisa conhecer esses livros.
Preciso dizer que fiquei feliz de perceber que já li alguns dos indicados nos sites que citei 🙂
Já registrei os títulos que ainda preciso ler e espero que você utilize essa lista para fazer o mesmo
Boa leitura!
P.S. Por motivos de falta de tempo, resolvi apenas transcrever a sinopse completa de cada livro abaixo. Assim, você pode entender de um jeito mais fácil o tema da história. E sempre que tiver algum artigo específico sobre uma das obras aqui no Projeto, deixei como sugestão de leitura.
1- Pais e filhos, Ivan Turguêniev
“Quando o jovem estudante Arkádi Nikolaitch retorna para casa, está acompanhado de um amigo e mentor, que causa imenso desgosto ao seu pai e seu tio.
O companheiro, Bazárov, despreza qualquer autoridade, é antissocial e se proclama niilista. O conflito geracional que se segue é ímpar na literatura.
Publicado em 1862, Pais e filhos continua refletindo o confronto entre gerações e as expectativas de um tempo anterior que se choca com as atitudes e os ideais dos momentos seguintes, esquecendo-se da potência transformadora da juventude.”
2- Irmãos Karamazóv, Fiódor Dostoiévski
“Irmãos Karamázov foi o último romance de Dostoiévski. No fundo, ele resume toda a criatividade do escritor, trazendo à baila as “malditas” questões existenciais que o afligiram a vida inteira, com especial relevo para a flagrante degradação moral da humanidade afastada dos ideais cristãos.
Cheia de peripécias, a narrativa põe em foco três protagonistas irmãos, representantes dos mais diversos aspectos da realidade russa – o libertino Dmítri, o niilista Ivan e o sublime Aliocha –, a fim de alumiar as profundezas insondáveis do coração entregue ao pecado, corrompido por dúvidas ou transbordantede amor.”
3- Crime e Castigo, Fiódor Dostoiévski
“Crime e castigo é a obra mais célebre de Dostoiévski e um dos romances fundamentais da literatura ocidental.
Escrita entre 1865 e 1866, quando Dostoiévski tinha 45 anos, foi publicada em partes na revista Rússki Viéstnik [O Mensageiro Russo], a mesma que vinha publicando, na época, o romance Guerra e paz, de Liev Tolstói.
A ideia do livro surgiu quando Dostoiévski propôs a Katkóv, editor da revista, redigir um “relato psicológico de um crime”. Na obra, Raskólnikov, um rapaz sombrio e orgulhoso, retraído mas também aberto à observação humana, precisa interromper seus estudos por falta de dinheiro.
Devendo o aluguel à proprietária do cubículo desconfortável em que vive, ele se sente esmagado pela pobreza. Ao mesmo tempo, acha que está destinado a um grande futuro e, desdenhoso da moralidade comum, julga ter plenos direitos para cometer um crime – o que fará de uma maneira implacável.
Por meio da trajetória de Raskólnikov, Dostoiévski apresenta um testemunho eloquente da pobreza, do alcoolismo e das condições degradantes que empurram para o abismo anônimos nas grandes cidades.
O personagem tem a convicção de que fins humanitários podem justificar um crime, mas conviver com a culpa será um pesadelo permanente.
Ainda assim, a tragédia não exclui a perspectiva de uma vida luminosa, e o castigo pelo crime vai lhe abrir um longo caminho em direção à verdade. Thomas Mann julgava Crime e castigo “o maior romance policial de todos os tempos”.
Leia também: Minhas frases preferidas de Crime e Castigo
4- Guerra e Paz, Leon Tolstói
“Guerra e paz” é um dos romances mais importantes da literatura universal. Compreendendo o período de 1805 a 1820, esta obra grandiosa – resultado de exaustiva pesquisa de Leon Tolstói – nos dá detalhes da vida na Rússia antes e durante a invasão napoleônica.
Entremeando os dramas pessoais dos personagens com a rotina mundana da aristocracia, e, ainda, com a narrativa de batalhas, Tolstói cria uma série de afrescos épicos, como diz o escritor francês Romain Rolland em texto incluído nesta edição.
Esse cenário nos revela com rara perspicácia uma Rússia imponente por sua história e suas grandes personalidades, mas guiada fundamentalmente por seu povo.”
5- Eugênio Onêguin, Aleksandr Púchkin
“O “romance em versos” Eugênio Onêguin é a expressão máxima do gênio de Aleksandr Púchkin (1799-1837), e representa para a literatura da Rússia o mesmo que Os Lusíadas, A Divina Comédia, o Dom Quixote e as peças de Shakespeare representam respectivamente para Portugal, a Itália, a Espanha e a Inglaterra.
Púchkin é considerado o fundador da literatura russa moderna, o maior ícone cultural da Rússia, e seu Eugênio Onêguin já foi chamado de “enciclopédia da vida russa”, de leitura obrigatória em escolas.
A obra foi escrita em versos tetrâmetros (mais ou menos equivalentes aos versos de oito sílabas em português), num total de 384 estrofes de 14 versos cada.
Trata-se, pois, de uma obra que realiza uma verdadeira fusão de modalidades literárias – romance e poesia – e que, por apresentar uma curiosa consciência de sua própria narratividade, ou de suas próprias técnicas de “representação” artística, se reveste de ainda mais sentido na época do Pós-modernismo.
Em termos de linguagem, um aspecto de sua tão propalada “perfeição estilística” está em fazer com que palavras as mais comuns adquiram conteúdo poético e ironia. 6
Em virtude de sua clareza de expressão e fluência verbal, os versos de Eugênio Onêguin dão a impressão de absoluta espontaneidade e leveza. “Poucos lograram semelhante flexibilidade do verso octossílabo em português.”
6- O herói do nosso tempo, Mikhail Liérmontov
“‘O herói do nosso tempo’ não é um romance, é uma biografia de tendência psicológica em que cada história mostra um traço característico da personalidade complexa e romântica de Pietchórin.
Os tormentos e as paixões deste refletem, em parte, o estado de alma do próprio Liérmontov. Comparado, frequentemente, aos textos em prosa mais belos de Púchkin, a obra situa-se entre as obras mais famosas e as mais representativas do ‘grande século’ literário russo.
Publicado pela primeira vez em 1840, traz cinco histórias: ‘Bela’, ‘Maksim Maksímitch’, ‘Taman’, ‘A princesinha Mary’ e ‘O fatalista’.”
P.S. Aparentemente, faz muito tempo que a Editora Martins Fontes não produz uma nova edição desse livro. Por isso, hoje ele só pode ser encontrado em sebos.
7- Doutor Jivago, Boris Pasternak
“Publicado originalmente em 1957 fora da União Soviética, após ser banido pela censura do Partido Comunista, Doutor Jivago, que só seria lido por seus conterrâneos em 1987 ― 27 anos após a morte de seu autor ―, continua sendo o maior e mais importante romance da Rússia pós-revolucionária.
Nele, Boris Pasternak traz à luz o drama e a imensidão da Revolução Russa pela história do médico e poeta Iúri Andréievitch Jivago em seu constante esforço de se colocar em consonância com a Revolução.
Por seus olhos hesitantes, o leitor testemunha a eclosão e as consequências deste que foi um dos eventos mais decisivos do século.
Em tempos em que a simples aspiração a uma vida normal é desprovida de qualquer esperança, o amor de Jivago por Lara e sua crença no indivíduo ganham contornos de um ato de resistência.
Seguindo a grande tradição do romance épico russo, Pasternak evoca um período historicamente crucial e nele retraça um panorama completo da sociedade da época.”
8- Vida e destino, Vassili Grossman
“Vassili Grossman, que esteve no campo de batalha e acompanhou os soldados russos em Stalingrado, compôs uma obra com a dimensão de Tolstói e de Dostoiévski, tocando, ao mesmo tempo, num dos momentos cruciais do século XX. Este é um dos poucos romances que parecem abarcar toda a vida.
Os campos de prisioneiros militares e os campos de concentração; os altos-comandos, com Hitler de um lado e Stálin de outro; a disputa insensata dos soldados por uma única casa na cidade em ruínas; e os dramas familiares dos que ficam para trás e enfrentam o terror político e a incerteza.
Não existe um romance sobre a Segunda Guerra com a mesma força dramática, com o mesmo impacto. Finalizado em 1960, e a seguir confiscado pela KGB, o livro permaneceu inédito até a metade dos anos 1980. Uma vez redescoberto, foi alçado a um dos romances mais importantes do século XX.”
9- Um dia na vida de Ivan Denissovitch, Alexander Soljenítisin
“Alexander Soljenítsin, que se encontra entre os grandes escritores do período soviético como Vassili Grossman e Mikhail Bulgákov, retrata em ‘Um dia na vida de Ivan Denissovitch’ o dia de um prisioneiro russo em um campo de concentração.
Tendo sido publicado em 1962, no meio da censura e da ameaça constante, a novela abala a sociedade soviética ao mostrar a realidade dos campos de trabalho forçado que então era mascarada pelo Estado.
A presente edição oferece ao leitor a mais nova tradução (do inglês) para o português de “Um dia na vida de Ivan Denissovitch” com novas ilustrações, notas, dois prefácios e uma autobiografia do autor.”
10- O mestre e margarida, Mikhail Bulgakóv
“Espécie de Fausto russo, inspirado na obra de Goethe e na ópera homônima de Charles Gounod, O mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov, é considerado um dos grandes romances do século XX.
Situado na Moscou dos anos 1930, o livro narra as peripécias de satã na cidade acompanhado de um séquito infernal, composto por um gato falante e fanfarrão, um intérprete trapaceiro, uma bela bruxa e um capanga assustador.
Seu caminho se cruzará com o dos amantes mestre e Margarida ― ele um escritor mal compreendido, autor de um romance sobre Pôncio Pilatos, ela uma das personagens mais fortes da literatura russa, que, qual Orfeu, fará de tudo para reencontrar seu amado desaparecido.
Escrito entre 1928 e 1940, ano da morte do autor, mas só publicado no fim dos anos 1960, no Ocidente, e em 1973, na Rússia, o livro se tornou então sucesso imediato no mundo todo e inspirou centenas de adaptações para o teatro, cinema, televisão, animação, ópera, dança e música (inclusive a famosíssima canção “Simpathy for the Devil”, dos Rolling Stones).
História de amor e desejo, sátira do mundo das letras e das pequenas e grandes vaidades humanas, além de crítica ferina mas bem-humorada ao regime soviético, o romance empresta recursos da linguagem teatral, musical e mesmo da linguagem cinematográfica, com cortes e saltos temporais e espaciais que imprimem à narrativa um ritmo vertiginoso, divertido e sempre surpreendente ― tudo isso captado com maestria pela tradução de Irineu Franco Perpetuo, feita a partir da mais recente edição crítica russa.”
Leia também: Resenha: O Mestre e Margarida, Mikhail Bulgákov
11- A Dama do Cachorrinho e outras histórias, Anton Tchekhov
“‘Ninguém melhor do que Tchékhov compreendeu a tragédia contida nas pequenas coisas da vida.’ Máximo Gorki
A escrita de Tchékhov revelou-se para o mundo como uma força inovadora tanto no âmbito do conto como do teatro moderno.
Mestre nesses dois gêneros, o escritor russo interessava-se por desvendar o estado psicológico dos personagens, seus sentimentos e aflições, fossem eles camponeses, burgueses, nobres abastados ou aristocratas decadentes.
Para Tchékhov, um dos maiores contistas da literatura, uma história tinha que ser contada com originalidade e revestida de calor humano.
Estes doze contos são coroados pela mais célebre de suas histórias curtas, “A dama do cachorrinho” (1899), na qual o autor lança um olhar singular sobre o adultério e o surgimento do amor. Pincelado com um humor melancólico, este precioso conjunto apresenta também “Anna no pescoço”, “A corista” e “Iônytch”, além de outros contos que estão entre os mais lidos da literatura ocidental.”
Leia também: A Dama do Cachorrinho, de Anton Tchékhov
12-The Funeral Party, Lyudmila Ulitskaya
*Esse livro ainda não foi traduzido para o português
“Agosto de 1991. Em um apartamento abafado em Nova York, um grupo de emigrantes russos se reúne ao redor do leito de morte de um artista chamado Alik, um personagem carismático amado por todos, especialmente pelas mulheres que se revezam cuidando dele enquanto ele desaparece deste mundo.
As lembranças do moribundo e de sua vida na Rússia são pontuadas por debates e disputas: Quem Alik mais amava? Ele deve ser batizado antes de morrer, como sua esposa alcoólatra, Nina, deseja desesperadamente, ou ser reconciliado com a fé de seu nascimento por um rabino que está por perto?
E qual será o significado para eles do golpe de Yeltsin, que está acontecendo em todo o mundo não só em sua muito perdida Moscou, mas também diante de seus olhos na CNN?
Este maravilhoso grupo de indivíduos habita o primeiro romance de Ludmila Ulitskaya publicado em inglês, um livro que foi selecionado para o Russian Booker Prize e que foi elogiado onde quer que as edições traduzidas tenham aparecido.
Ao mesmo tempo engraçado e triste, lírico em sua tristeza russa e devastadoramente perspicaz em sua observação do personagem, The Funeral Party nos apresenta um escritor maravilhoso que captura, com ironia e ternura, nossos pensamentos e emoções complexas confrontando a vida e a morte, o amor e a perda, a pátria e exílio.”
13- And Quiet Flows the Don, Mikhail Sholokhov
*Esse livro ainda não foi traduzido para o português
“GANHADOR DO PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA, 1965
O romance épico inovador de Mikhail Sholokhov dá uma descrição bem abrangente da vida e cultura russa no início do século 20. Na mesma linha de Guerra e Paz, de Leon Tolstói, And Quiet Flows the Don dá aos leitores um vislumbre de muitos aspectos da cultura russa e as escolhas que um país faz quando confrontado com a guerra e a destruição.
‘Em seu enorme épico da vida cossaca durante a Revolução… Mikhail Sholokhov alcançou um poder ainda maior, um dom narrativo sustentado e uma verdadeira veracidade humana.’ – New York Times
‘Além de sua grandeza panorâmica, a riqueza de seus personagens e seu realismo histórico, o livro de Sholokhov é memorável por seu retrato da vida primitiva e já quase lendária dos cossacos de Don.’ – Malcolm Cowley, New Republic”
Gostou da nossa lista de livros russos?
Se você gosta desse tipo de conteúdo, conheça outras dicas de leitura no Projeto Overflow.