Resenha: A pérola que rompeu a concha, Nadia Hashimi

Definitivamente, o livro “A pérola que rompeu a concha” foi uma das leituras mais marcantes que eu fiz este ano.

E olha que eu achava que só Flores para Algernon, Daniel Keyes, e Nossa Música, da Dani Atkins, me marcariam assim…

Nadia Hashimi, escritora americana de ascendência afegã, de forma arrebatadora, consegue utilizar a ficção, de forma genial, para representar a vida e a luta de milhares de mulheres afegãs.

Uma pérola depois da outra

Para contar essa história, a autora utilizou um recurso muito interessante. Ela conta duas histórias diferentes em capítulos alternados, que permitem que o leitor conheça duas mulheres cujo destino está entrelaçado: Shekiba e sua descendente Rahima.

Apesar da separação de quase 100 anos da existência entre uma e outra, as duas mulheres compartilham a mesma força e coragem, desenvolvidas em meio a uma realidade cruel, violenta, excludente e terrivelmente opressora.

Ao decorrer da história, você percebe que elas são sobreviventes. Não existe outro adjetivo melhor para descrever essas mulheres.

De fato, as duas personagens são verdadeiras pérolas, que conseguiram romper a “concha” da realidade opressora em que viviam. Não foi nada fácil fazer isso, é claro. Quem sabe como uma pérola de verdade é formada, entende porque a autora utilizou essa analogia.

Resenha: A pérola que rompeu a concha, Nadia Hashimi

O presente repetindo o passado

O que me deixou mais chocada é que o livro foi publicado em 2017, quando o Afeganistão ainda estava em guerra com os Estados Unidos. Aliás, o inicio da história de Rahima coincide com a invasão de tropas estrangeiras no Afeganistão, logo após o atentado do 11 de setembro.

Apesar do cenário de guerra, fica claro que, após a invasão, pelo menos as mulheres locais ganharam um pouco mais de visibilidade e apoio, principalmente de países e ONGs internacionais.

Ou seja, pelo menos havia uma perspectiva de melhora.

Agora, com o retorno do Talibã ao poder, é muito provável que o ciclo de violência e opressão contra as mulheres, que ainda é muito forte e pode ser observado no livro, se torne ainda pior. E isso é desesperador!

No fim, as histórias de Shekiba e Rahima me fizeram lembrar de como sou abençoada por ter a vida que eu tenho.

É revoltante pensar que milhares de mulheres já enfrentaram e ainda enfrentam toda a violência descrita no livro. A desigualdade, a misoginia, a falta de perspectiva, a violência doméstica, a guerra, tudo isso é devastador!

E mesmo com o doloroso choque de realidade que esse livro me deu, sou muito grata a à autora, Nadia Hashimi, pela possibilidade de ler essa história e de utilizar a ficção para representar a realidade de tantas mulheres.

Por favor, leia esse livro!

O mais interessante é que, embora essa história seja chocante em muitos aspectos, é impossível não se envolver com a leitura!

Eu simplesmente não conseguia largar o livro e sua narrativa eletrizante! Queria muito saber o que aconteceria com essas mulheres e como elas conseguiriam lidar com o inferno e o medo em que viviam.

Fiquei tão envolvida com essa leitura que resolvi procurar outros livros que também aborde a questão das mulheres no Afeganistão e em outros países do mundo. Percebi que tenho muito o que aprender.

Por tudo isso, se você nunca leu esse livro, especialmente se for mulher, recomendo que invista nessa leitura. As pessoas precisam saber o que acontece com as mulheres afegãs.


Fonte foto da capa: Reuters

Curiosa, apaixonada por livros e completamente consciente de que ainda tem muito a aprender. Aqui, compartilho um pouco desse universo!
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