Resenha: Macbeth, Shakespeare – Sobre o perigo da ganância

O que você é capaz de fazer para alcançar o que deseja? Qual o tamanho da sua ambição? Vale tudo para conquistar o que se quer? E as consequências dessa postura? Foram essas algumas das perguntas que me vieram a mente após a incrível leitura de Macbeth.

Eu admito que realmente fiquei impressionada como essa peça, que deve ter sido escrita entre 1603 e 1607, pode abordar um tema comportamental tão atual, de uma maneira tão didática e interessante. Aliás, Shakespeare sempre me surpreende… Isso me faz pensar que a natureza humana, em essência, não mudou muito do século XVI para cá. Nosso mundo externo e nossos hábitos mudaram, mas nosso interior não.

Ambição e ruína

É claro que é normal ter ambição e nutrir o desejo pelo seu próprio crescimento e mudança em algum aspecto da sua vida. Na verdade, essa ambição, digamos, positiva, é o que moveu o ser humano até hoje e é o que move cada um de nós rumo aos nossos sonhos e conquistas.

Mas se esse sentimento chegar ao mesmo nível de ambição de Macbeth, que decide tomar o pior caminho para conseguir o que deseja, o que nos aguarda é a ruína física, moral e espiritual. Tal como Macbeth, nossa vida vai desmoronar.

Falo isso porque, como você pode perceber ao ler essa tragédia de Shakespeare, Macbeth utiliza de todos os artifícios do poder, da violência, da manipulação, da opressão para chegar ao trono e permanecer no poder como Rei da Escócia.

Mas ele pagou caro por todas essas ações perversas. A mentira e a violência realmente podem te levar ao poder, mas ela também cria uma armadilha. Você entra num ciclo vicioso com mais mentira, mais violência, para conseguir se manter no poder – que é o grande desafio de todo líder.

Porém, vamos ser justos também, né? Ele não enlouquece sozinho.

Foto/ reprodução: ThoughtCo.

O que aconteceu com Macbeth?

Macbeth é um general exemplar do exército escocês, famoso por suas performances em batalhas. Ao retornar para casa ao lado do general Banquo, logo após mais uma vitória, ele se depara com três bruxas, que profetizam que ele se tornará rei.

Ao invés de se afastar ou temer as bruxas, a profecia desperta nele a cobiça pelo trono. No entanto, ele sabe que para alcançar a coroa, o Rei Duncan, que é muito querido por todos, precisa morrer.

Confuso, depois da conversa com as bruxas, Macbeth decide se aconselhar com sua esposa, a cobra venenosa Lady Macbeth, que o incentiva a assassinar o próprio rei.

E depois disso, é só ladeira abaixo.

Com a morte do Rei Duncan, Macbeth assume o trono, mas não consegue se desvincular do assassinato. Para encobrir esse crime, mais e mais mentiras, além de outros assassinatos são cometidos. A violência e o poder são utilizados para reprimir qualquer pessoa que o faça se sentir ameaçado.

E é claro que isso não dá certo.

Nem mesmo Lady Macbeth, que sempre esteve ao lado do marido apoiando suas ações, conseguiu suportar o peso dos seus crimes e o sangue que levava em suas próprias mãos.

O final não poderia ser mais trágico e marcante.

Cuidado com quem você anda

Para mim, ficou muito claro que a mente de Macbeth era terreno fértil para que as bruxas plantassem a semente da discórdia. É óbvio que ele é totalmente responsável pelos seus atos. Mas a postura de Lady Macbeth, que praticamente dá aquele empurrãozinho que faltava para a tragédia acontecer, me chamou a atenção.

Ela poderia ter falado com Macbeth – Querido, você enlouqueceu? Volte para a razão! – ou algo assim. Mas suas palavras e ações foram não só de condescendência, como também de estímulo ao crime e ao ciclo de violência.

E isso me fez pensar sobre a importância de termos ao nosso redor pessoas que, nos nossos momentos de trevas, possam nos sacudir e falar – acorda, você está errado!

De forma nenhuma estou tirando a responsabilidade de cada um sobre seus atos, mas tenho pensado cada vez mais sobre como as pessoas que escolhemos manter em nossas vidas podem nos influenciar para o bem ou para o mal.

Eu não gostaria de ter uma Lady Macbeth ao meu lado.

Macbeth não é só isso

Escolhi abordar nesse texto o aspecto que mais me chamou a atenção nessa peça de Macbeth – a ambição, a ganância. Porém, esse texto rende muitos assuntos interessantes. Por isso, várias outras questões podem ser abordados a partir dessa leitura.

Pensando nisso, separei alguns materiais extras, como aulas e resenhas, que podem te ajudar a enxergar outros aspectos dessa obra magnifica de Shakespeare.

Enfim, a história é violenta, mas é cheia de ensinamentos e citações interessantes. Por isso, recomendo demais essa leitura!

Curiosa, apaixonada por livros e completamente consciente de que ainda tem muito a aprender. Aqui, compartilho um pouco desse universo!
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4 comentários em “Resenha: Macbeth, Shakespeare – Sobre o perigo da ganância

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